Subo pelo elevador, com meu jaleco azul de botões coloridos, mentalizando sobre todas orientações passadas no treinamento. Estou prestes a começar meu trabalho de voluntariado. É necessário fazer a transição de enfermeira prá voluntária (e acreditem essa é uma parte bem difícil prá mim!). Ao chegar no andar, as portas se abrem e já de frente me deparo com uma bela árvore colorida, pintada a mão, repleta de frutos. Bem diferente dos outros hospitais com pintura neutra, percebo ser esse um ambiente especial, uma estrutura bem preparada, que por si só transmite acolhimento! Posso já sentir o "cheiro hospitalar". Caminho pelo corredor até acessar a área dos quartos, e esses encontram-se em posição de círculo, todos com vidros, o que facilita o contato visual. Me deparo com 09 leitos, com crianças em fases diferentes de tratamento, bem como em idade entre 1 a 15 anos. Decido por entrar no quarto da ** - uma garotinha linda de 5 anos que está sentada no leito recebendo antibiótico, após tratamento de leucemia linfóide por quase 3 anos. Ela mal percebe minha chegada, enquanto pinta com tintas guache. Me apresento e tento criar um diálogo mostrando um desenho a ser colorido e sem me dirigir os olhos ela concorda em "brincar comigo". Retiro da bolsa uma dúzia de lápis e uma folha com desenho de um jardim repleto de flores (tenho paixão por plantas e jardins, aqueles que você planta, cuida, vê crescer e florescer - farei post sobre) e daí começamos a pintar, dividir lápis, trocar palavras... coisas simples e de significado incontável! A hora se apressa e chega o momento de despedir... com beijo no ar (pacientes oncológicos devem ser ‘preservados’ de maiores contatos), uma pena porque a vontade verdadeira é por abraçar! Hoje faço parte da família Boldrini. Decidi por dedicar algumas horas por algo que dá sentido especial prá minha vida e que já se mistura com minha história! Desenvolver o voluntariado em um hospital de atendimento oncológico infantil tem sido um privilégio tamanho! A instituição é filantrópica, sendo que 80% dos pacientes são tratados pelo SUS, um exemplo de compromisso social! Lá eles detém um centro de pesquisa vinculado à Unicamp, na busca por novos caminhos de tratamento. O atendimento aos pacientes segue com base humanizada, e isso já notado de imediato, desde a entrada!
Diversos campos de ação estão disponíveis: acompanhamento escolar, capelania (minha escolha!), oficina de capacitação, recreação, terapias de suporte, força jovem, central de doações, entre outros tantos...
Aqui vai uma foto do prédio principal:
De tudo que presencio e compatilho hoje, uma expressão daquilo já tem sido:
"O espírito se enriquece com aquilo que recebe. O coração, com aquilo que dá." VH
